quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

nº 09 - Nossa tríplice aclamação HUZZÉ


Mestre Castellani deixa bem claro em seu “Consultório Maçônico” que o “tríplice Huzzé” trata-se de uma aclamação (aplaudir, aprovar ou saudar alguém com alegria) e não uma exclamação (bradar, gritar, vociferar). Apesar de origem controversa, é muito provável que derive do vocábulo árabe Uzza, que é uma aclamação a um ente divino e um dos nomes de um dos deuses deles.

É usado no Rito Escocês Antigo e Aceito, substituindo a palavra inglesa Huzza (mas cuja pronuncia é “huzzé”) cujo significado é uma aclamação de saudação ao Rei (Viva o Rei!). É a mesma aclamação, com outra palavra, usada pelos franceses – Vivat – também para saudar o Rei.

Como o Rito Escocês teve sua origem na França, é possível que tenha sido introduzida no rito nessa época, obviamente usando o vocábulo inglês. Aliás, na língua inglesa existe o verbo to huzza, que significa aclamar.

Para o historiador francês maçônico Albert Lantoine, essa palavra é sinônimo de Hurrah!, extremamente conhecida no mundo todo.

No famoso dicionário “Michaellis” temos que:

huzza – interjeição (de alegria), viva, hurra – v. gritar “hurra!”, aclamar.

Em suma, é uma aclamação de alegria e corresponde ao “Vivat” dos latinos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

nº 08 - Aprendiz


A palavra tem origem no tempo dos Maçons Operativos. Os Maçons da Idade Média formavam um grupo seleto e era a mais alta classe de artesãos naquele tempo. Isso requeria boa saúde, personalidade de moral impecável, alta inteligência, para ser um excelente Maçom Operativo, permitido trabalhar nas grandes casas de Deus, as magnificentes Catedrais, que era o seu trabalho.

Os operativos eram orgulhosos de suas habilidades, de sua reputação e da rigorosidade de suas leis.

Para se tornar um Maçom, um jovem era escolhido para servir por aproximadamente sete anos no aprendizado, antes de ser permitido fazer e submeter aos seus superiores, sua “Peça de Mestre” e ser admitido como um “Companheiro” da Ordem.

Antes dele começar o aprendizado, ele passava por uma prova, num curto período de tempo, onde deveria mostrar ser possuidor das qualificações necessárias de habilidade, decência e probidade. Somente depois disso é que ele era “registrado” como Aprendiz. É por isso que na Maçonaria inglesa e americana, ainda se encontra, na maneira de escrever, esse fato: “Entered Apprentice”.

Originalmente um Aprendiz não era considerado como membro da Ordem, mesmo após ter sido registrado no livro da Loja. Somente após ter passado seu aprendizado e ter sido aceito como “Companheiro” é que ele se tornava um legítimo membro da Ordem Maçônica. Esse comportamento foi aos poucos se modificando e após 1717, Aprendizes iniciados numa Loja faziam parte do conjunto constituinte da Ordem.

O Ritual nos ensina que o Aprendiz é o símbolo da juventude, o Companheiro é o símbolo da maturidade e o Mestre o da velhice. Provavelmente esse conceito é derivado do fato que, de modo geral, discípulos, iniciantes, são jovens; os experimentados são homens já formados na idade; e os criteriosos e informados, formam o grupo mais idoso.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

nº 07 - “Hiram Abi” ou “Hiram Abif”?


Hiram, é o nome do arquiteto que, segundo a lenda maçônica, foi encarregado de dirigir os trabalhos da construção do Templo de Salomão. Segundo a Bíblia, em algumas passagens, era filho de uma viúva da tribo de Dan e de um tírio chamado Ur. Em outras, era filho de uma viúva da tribo de Neftali, “porém seu pai era tírio e trabalhava o bronze”.

Entretanto, qual o nome correto, “Hiram Abi” ou “Hiram Abif”?

Essa dúvida é muito comum e poucas pessoas sabem qual o modo certo. Na verdade os dois estão certos, conforme explico abaixo:

A palavra Ab, do original hebraico, significa “pai” (muitas vezes equivalente a amigo, conselheiro ou enviado) e dependendo do sufixo que recebe pode ter o significado de “meu pai” ou “seu pai”.

Desse modo, conforme a “Encyclopaedia” de Mackey, quando usamos o sufixo “i” tem o significado de “meu” e quando usamos “if” tem o significado de “seu”. A palavra Ab, com seus sufixos é encontrada nos Livros dos Reis e nos das Crônicas, em referencia a Hiram, o Construtor. Quando o Rei Hiram de Tiro, respeitosamente fala dele, chamando-o “meu pai”, encontramos Hiram Abi e quando o escritor do Livro das Crônicas fala dele e do Rei Salomão, na mesma passagem, chama-o de “pai de Salomão” – “seu pai”, encontramos Hiram Abif.

A única diferença resulta da diferente denominação dos pronomes meu e seu, em hebraico. Portanto, quando os Maçons escrevem ou falam dele, Hiram, o Construtor, o correto é Hiram Abif.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

nº 06 - Maçonaria Especulativa


Até 1717 d.C., quando houve a fusão de quatro Lojas inglesas, semente da Grande Loja Unida da Inglaterra, a Maçonaria era chamada de “Maçonaria Operativa”, pois o “saber” era empírico, adquirido de maneira prática. As ferramentas e o manuseio estavam sempre presentes. O Maçom Operativo era um profissional da arte de construir.

A partir dessa data, a Maçonaria começou a ser denominada de “Maçonaria Especulativa”.

A palavra “especulação” vem do latim – specullum – cuja tradução é espelho. Como nos esclarece, Ir.'. N. Aslan:

“é a ação de especular, que significar indagar, pesquisar, observar, espelhar, as coisas físicas e mentais, para estuda-las atentamente, para observa-las cuidadosamente, minuciosamente, do ponto de vista teórico. Disso extraímos idéias e formulamos hipóteses”.

Bernard Jones nos esclarece:

“os “Maçons aceitos elaborando ou adquirindo o conhecimento da Ordem, caíram sobre o termo favorito, embora fosse inadequado, pois não havia outro que melhor qualificasse suas intenções. Distinguiram-se dos talhadores de pedras, denominando-se "Maçons Especulativos.

Os “aceitos” começaram a fazer parte da Ordem, em torno de 1600 d.C., e nada mais justo do que chamá-los de especulativos, pois na maioria das vezes faziam parte da ala social da Maçonaria, como mecenas ou colaboradores, e, literalmente “não metiam a mão na massa”.

O “especulativo” era o planejador, o calculista, o pesquisador, e não o homem de ação ou o profissional braçal. Na profissão de construtores, seja de qualquer época, sempre foi exigido um “trabalho especulativo”, ou seja, a teoria adquirida pelo Mestre-de-Obra, desmembrada na geometria, nas teorias dos planos, na resistência dos materiais, nas forças resultantes nas vigas e arcos de sustentação, etc. Desse modo, o trabalho que usasse de ferramentas e manuseio, era o “prático”, ou “operativo”.

Devemos esclarecer que o termo “especular” pode significar a atividade pela qual, pessoas se propõem obter lucros ou vantagens, em negociações ou afins. Obviamente, não tem nenhuma ligação com o termo, semelhante, usado na Maçonaria.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

nº 05 - Collegia Fabrorum e as Guildas


O Collegia Fabrorum era uma Associação romana na época (iniciada em 500 a.C.) das grandes conquistas de cidades pelos romanos, até o ano aproximadamente 400 d.C. Os guerreiros destruíam as construções de todos os tipos, na subjugação dos povos e devido a selvageria das batalhas, esse grupo de construtores, talhadores de pedras, artistas, carpinteiros, etc, iam atrás reconstruindo o que era de interesse para as tropas e aos comandantes de Roma. Tinha um caráter religioso, politeísta, adorando e oferecendo seus trabalhos, aos seus deuses protetores e benfeitores. É possível que, com a aceitação do Cristianismo pelos romanos, essa associação tenha se tornado monoteísta.

As Guildas eram Associações corporativistas, auto protetivas, que apareceram, na Idade Média, depois de 800 d.C. Eram grupos de operários, negociantes e outras classes. Existiram, com o passar do tempo, diversos tipos de “Guildas”: religiosas, de ofício, etc, entre outras. No caso das de oficio, se auto protegiam, e protegiam seus membros e, muito importante, protegiam seus conhecimentos técnicos, adquiridos pelos membros mais velhos e experientes, e os transmitiam, oralmente, em segredo, em locais afastados e adequados, longe de pessoas estranhas ao grupo formado. Como eram grandes, precisavam de sinais de reconhecimento, palavras de passe, etc. E, obviamente, de pessoas que coordenassem, que vigiassem tudo isso. Também é obvio, que para que a Guilda tivesse continuidade, precisavam de jovens, que seriam por um determinado tempo, aprendizes desses conhecimentos. Na festa de confraternização, comiam juntos, dividiam o mesmo pão entre eles (do latim “cum panis”, gerando, talvez, a palavra “Companheiro”). Etc, etc, etc. O leitor Maçom , já entendeu aonde eu quero chegar.

A que mais se destacou e evolui grandemente, foi a Guilda dos Construtores em alvenaria, principalmente de igrejas e palácios. Como a Igreja Católica Apostólica Romana, na época, dominava tudo, e os padres, por dever de ofício, eram os únicos letrados, nada mais natural que os mestres (de maneira bem ampla) fossem eles. Como sacerdotes, eram venerados, e porque ensinavam, eram mestres. Há uma teoria, e é a minha também, que “Venerável Mestre” derivou disso aí explicado: Venerável por ser sacerdote e Mestre porque ensinava!

Posteriormente, essas confrarias perderam essa predominância da Igreja, apesar de não deixarem de serem altamente religiosas, e geraram os Ofícios Francos (ou Francomaçonaria) formados por artesões com previlégios ofertados pelo Feudo e pelo Clero.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

nº 04 - Fanáticos e Fanatismo


Em termos religiosos, temos que, segundo os dicionários, fanáticoé quem, ou que se julga inspirado por Deus”. De modo geral fanáticoé quem, ou que se apaixona demasiadamente por uma causa ou pessoa”.

Podemos aprofundar esta nossa pesquisa consultando trabalhos do pranteado Ir.'. Nicola Aslan, dizendo que os fanáticos eram os sacerdotes antigos dos cultos de Isis, Cibele, Belona, etc., que eram tomados de delírio sagrado, e que se laceravam até fazer correr sangue. A palavra tomou, assim, o sentido de misticismo vulgar, que admite poderes ocultos, que podem intervir graças ao uso de certos Rituais. Emprega-se, também, para indicar a intolerância obstinada daquele que luta por uma posição, que considera evidente e verdadeira, e que está disposto a empregar até a violência para fazer valer suas opiniões e para converter a outros que não aceitam as suas idéias. Dai tomar-se o termo, por extensão, para apontar toda e qualquer crença, quer religiosa, ou não, desde que haja manifestação obstinada por parte de quem a segue.

Esta palavra vem do latim fanum, Templo, lugar sagrado. Fanaticus era, em latim, o inspirado, o entusiasmado, o agitado por um furor divino. Posteriormente, tomou o sentido de exaltado, de delirante, de frenético. E, . finalmente, o de supersticioso.

Desse modo, podemos agora definir o Fanatismo como sendo a dedicação cega, excessiva, ao zelo religioso; paixão; adesão cega a uma doutrina ou sistema qualquer, inclusive político. Podemos afirmar que o abuso das praticas religiosas podem levar até a exaltação que impedem o fanático a praticar atos criminosos em nome da religião ou de um poder político.

Conforme a Enciclopédia Portuguesa Ilustrada temos que: o fanatismo é uma fé cega, irrefletida, inconsciente, e a maior parte das vezes independente da própria vontade, que algumas pessoas sentem por uma doutrina ou um partido. O fanatismo é uma auto-sugestão, que se sente independente da própria vontade e que faz sentir uma paixão desordenada a que nos abandonamos. Enquanto o fanatismo não intervém nas relações sociais dos indivíduos, não deve ser considerado perigoso; mas não sucede o mesmo quando os seus efeitos se manifestam numa sociedade compacta, onde reina a diversidade de crenças e opiniões. O fanatismo causou males em todas as sociedades antigas, e na Idade Media viram-se também excessos produzidos por ele.

A Maçonaria condena o fanatismo com todas as suas forças. Em vários Graus, as instruções giram em torno desta execrável paixão, considerada como um dos inimigos da Ordem Maçônica.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

nº 03 - Old Charges (Antigas Instruções)


Este é o nome popularmente dado a mais de 100 antigos Manuscritos em ingles ou (ocasionalmente) em escoces, de aproximadamente 600 anos atrás.

Eles parecem ter servido nas Lojas Operativas Inglesas para alguns propósitos, como, por exemplo, no Livro das Constituições e Rituais.

Eles são frequentemente achados escritos em pergaminhos com aproximadamente 1,8 metros de comprimento por 22,8 centimetros de largura.

Eles geralmente consistem em tres partes:
  • uma Invocação ao "Poder do Senhor no Céu", etc
  • uma História Tradicional diferindo largamente daquelas que usamos hoje em dia, começando com Lamech, incluindo Euclides e indo até o tempo de Athestan.
  • Instruções, em Geral ou no Particular, as quais são regras para uma boa conduta da ordem (Craft) ou para a conduta dos Maçons, individualmente.
As duas últimas versões bem conhecidas estão agora no Museu Britanico. A mais antiga, o REGIUS, é considerada datar de 1390, e o COOKE, de 1425.

Entretanto, evidencias internas indicam que o COOKE foi transcrito de um Original, mais antigo que o REGIUS.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

nº 02 - Carta Constitutiva


Nos primórdios, uma Loja era formada por si só, sem nenhuma cerimônia, normalmente auxiliada por outra da vizinhança, se um numero suficiente de Irmãos decidissem formar uma delas.

Mas, em 1722, a Grande Loja da Inglaterra recém formada em Londres, determinou que cada nova Loja na Inglaterra deveria ter uma patente, e desde aqueles tempos todos os Irmãos que resolvessem formar uma nova Loja, empenhavam-se para obter a permissão, a certificação, em forma de carta, da Grande Loja.

Esta nova Loja ficava, então, unida à Grande Loja da Inglaterra, como uma filial, se comprometendo em trabalhar de acordo com seu sistema, e se manter dentro dos antigos landmarks.

Então, a tal Loja era chamada justa, perfeita e regular.

Temos hoje, conforme nos orienta o Mestre Alec Mellor, que nenhuma Loja ou Capitulo pode existir regularmente sem um título de constituição, chamado Carta Constitutiva (em inglês, Warrant ou Charter) que é ao mesmo tempo, a sua certificação de nascimento e, de certa forma, seu alvará de funcionamento.

Henry Wilson Coil nos esclarece que não há uma essencial diferença entre Warrant e Charter, mas ambas as palavras, nos primórdios eram usadas para descrever a autorização, emitida pelo Grão Mestre, consentida pela Grande Loja, de modo oral primeiramente, em seguida por escrito, para a constituição de uma nova Loja.

domingo, 18 de novembro de 2007

nº 01 - O significado da palavra "Brethren"


A palavra "Brethren" é uma antiga forma do plural de "brother", e não é usada em circunstancias normais. Ela é usada com frequencia para distinguir "irmãos de sangue" e "irmãos" membros de comunidades religiosas ou fraternais, que é o caso da Maçonaria.

É encontrada principalmente nos Rituais ingleses (incluindo Nova Zelandia) e Rituais americanos. Outras fraternidades, distintas da Maçonaria, também a usam. Parece haver um senso comum em usá-la, e seu uso frequente e continuado, o justifica amplamente.