quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

nº 15 - Palavras


O termo “palavra” é entendido, como sendo a expressão de uma idéia e o conjunto de sinais que esta representa graficamente.

Palavra do Maçom – esta peculiaridade da Maçonaria Escocesa, é a que eu me refiro na “Pílula nº 13”. Supõe-se, segundo Nicola Aslan, ter consistido de duas palavras, provavelmente acompanhada de um sinal. Era claramente esotérica e usada, presumivelmente, como um meio de reconhecimento. Mackey complementa: “nas atas e nos documentos das Lojas da Escócia durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a expressão “Mason Word” é constantemente usada. Este contínuo uso indicaria que apenas um conjunto de palavras era então conhecido”.

Palavra de Passe – é a que se pronuncia ao dar-se os Toques e os sinais de reconhecimento.

Palavra Perdida – continuando com o Mestre Nicola, temos que a história lendária da Maçonaria refere-se a uma lenda segundo a qual teria existido, outrora, uma Palavra de valor transcendente, objeto de grande veneração, e que teria sido conhecida apenas por alguns poucos. Com o decorrer dos tempos, esta Palavra teria sido perdida e substituida por outra. Esta lenda entrou no sistema escocês e, segundo ela, Hiram Abi, construtor do Templo, teria gravado esta palavra sobre um Triângulo de ouro, o qual era levado em seu pescoço e com o lado gravado sobre o peito... e continua a lenda que não é, no momento, objeto deste estudo.

Palavra Sagrada – é uma palavra peculiar a cada Grau e que deve ser dita baixinho ao ouvido, como um sopro, e com muita precaução. Vejam o que diz o Bro Albert G. Mackey a respeito: "é o termo aplicado à palavra capital ou mais proeminente de um Grau, indicando assim o seu peculiar caráter sagrado, em contra posição com a Palavra de Passe, que é entendida simplesmente como um mero modo de reconhecimento. Diz-se muitas vezes, por desconhecimento, “Palavra Secreta”. Todas as palavras importantes da Maçonaria são secretas. Mas somente algumas são Sagradas."

Entretanto, concordo com o Ir.'. Moretzsohn que o ”elo de ligação” entre Operativa e Especulativa, levantado pelo Ir.'. Senador, deva ser estudado com mais carinho.

Vou tecer algumas considerações, expostas abaixo, que, de um ou outro modo, sem dúvida, vão por “lenha na fogueira”:
  • A Francomaçonaria possui dois ramos principais, bem distintos quando à origem e ao comportamento. O ramo Inglês e o Francês. A Francomaçonaria Brasileira, e as demais da América do Sul, são de origem francesa.
  • Na Inglaterra, a idéia de uma sociedade obreira declinava pouco a pouco, e reencontrou força e vigor graças ao acrescentamento de elementos novos, encontrados, antes de tudo na burguesia e nas profissões liberais e, posteriormente na nobreza e realeza. Aos primeiros, essa nova organização, oriunda de uma guilda quase moribunda de ofícios, estendia seus fins e sua influência, dando-lhes um novo aval entre os homens de condição social mais elevada.
  • Na França, o povo começava a despertar para idéias novas (emprestadas da Inglaterra, evidentemente) e preparava sua Revolução, enquanto a Inglaterra já fizera a sua e decapitara seus reis. Submetera a Igreja ao Estado, e aspirava repouso.
  • Desse modo, pelo exposto acima, enquanto a Lojas Inglesas reúnem, de maneira geral, pessoas extremamente respeitáveis, ponderadas, cultivando cuidadosamente, com submissão, as leis do reino e as leis da natureza, as Lojas Francesas abrigam, sob a Lei do Silencio, tudo quanto o reino pode conter de hermetistas, alquimistas, “filósofos” e “iluminados”. Desse modo, a Loja vai torna-se a veste que lhes permitirá passar despercebidas – e, em seguida, ficar ao abrigo das perseguições do poder real e do poder religioso – uma sociedade frívola que dança inconscientemente seus últimos minuetos, quando a casa, já rachada, começa a desmoronar. (Marius Lebage)
CONCLUINDO: respondendo agora a pergunta do Ir.'. Senador, com uma maior reflexão e um parecer mais abrangente, pedido pelo Ir.'. Moretzsohn, creio que o “ELO DE LIGAÇÃO ENTRE A OPERATIVA E A ESPECULATIVA CHAMA-SE INTERESSE”.

Na Inglaterra: INTERESSE em se misturar e contatar pessoas da alta sociedade e se sentir no mesmo nível, característica da Maçonaria.

Na França: INTERESSE em ter base camuflada para contestar a Igreja e o governo, e ter local para expressar livremente seus pensamentos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

nº 14 - Lojas, Ordem e Obediências Maçônicas


Brethren, vejam o que nos ensina o francês, Ir.'. Marius Lepage, sobre o acima mencionado:

"As Lojas podem existir sem Grandes Lojas ou Grandes Orientes, garantindo sua federação. O inverso, porém, não é verdadeiro. Nem Grande Loja, nem Grande Oriente podem existir sem as Oficinas chamadas “azuis”, que são sua base."

Assim, fica muito claro a diferença entre a Ordem e a Obediência Maçônicas.

A Ordem – a Franco-Maçonaria tradicional e iniciática – não tem origem historicamente conhecida. Usando a expressão habitualmente empregada, podemos dizer que ela data de “tempos imemoriais”.

“...antes do século XIV nada encontramos que se possa ligar, com provas irrefutáveis, à Maçonaria. Todos os documentos que possuímos estabelecem que foi da Maçonaria Operativa que saiu nossa Ordem, e demonstram apenas isso, a não ser para aqueles que suplementam fatos e fontes com a imaginação...” (F. Marcy, L´Histoirie du Grand Orient de France).

As Obediências, ao contrário, são criações recentes, das quais é possível – embora com algumas dificuldades e imperfeições – descrever o nascimento, e cuja existência, a partir daí, é bem conhecida na maior parte dos pormenores. Entretanto, se a Ordem é universal, as Obediências, sejam elas quais forem, mostram-se particularistas, influenciadas pelas condições sociais, religiosas, econômicas e políticas dos países em que se desenvolveram.

A Ordem é, por essência, indefinível e absoluta: a Obediência está sujeita a todas as variações da fraqueza congênita ao espírito humano.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

nº 13 - A Maçonaria Operativa


Na Idade Média os maçons eram distintos. Era essa a sensação generalizada na Inglaterra, França e Europa Central, pois enquanto os outros trabalhadores trabalhavam para os senhores feudais, sem sair de seu vilarejo, os maçons eram especialistas e serviam aos reis e nobreza e viajam para todos os cantos desses paises. Trabalhavam as pedras e erigiam castelos, catedrais e abadias.

Inglaterra

A vida profissional era bem estabelecida. Existiam dois tipos de maçons: os “rústicos” que cortavam e moviam os blocos para o alicerce e os “especialistas” que faziam o trabalho em blocos para a arquitetura em geral, acabamento e ornamentação.

Pertenciam a Grêmios que eram compostos pelos principais empregadores do ramo e, as vezes, controlados por um funcionário real. Tinham “deveres” (Charges) estabelecidos por esses Grêmios. O primeiro era com Deus: deviam crer na doutrina da Igreja Católica e repudiar todas as heresias. O segundo era com o Rei, cuja soberania deviam obedecer. O terceiro era para com seu mestre, o empreiteiro das obras.

Formavam sindicatos, ilegais, pois contrariavam as determinações salariais dos grêmios, e se reuniam secretamente correndo o risco de penalidades da lei.

França

Os maçons eram, como na Inglaterra, a elite dos trabalhadores. Diferentemente, formaram uma organização que não tinha paralelo na Inglaterra: a “Compagnonnage”. Os “Compagnons” (companheiros), seus membros, que algumas vezes eram trabalhadores com outros ofícios, formavam uma forte organização. Os reis e governos da França não aprovavam essa situação e, por diversas vezes, ditaram leis e decretos contra a Companonnage (1498, 1506, 1539...). Em 1601, um estatuto proibia que se reunissem em mais de três nas tabernas. Em 1655, a Faculdade de Sorbone, proclamou que os compagnons eram malvados e ofendiam as leis de Deus.

Alemanha e centro da Europa

Os maçons eram chamados de Steinmetzen, e da mesma forma eram a elite dos trabalhadores. Suas atividades eram também reguladas por corporações do ramo. Havia Lojas importantes de Steinmetzen em Viena, Colônia, Berna e Zurich, mas todas aceitavam a liderança dos maçons de Estrasburgo. Inclusive, o imperador Maximiliano I proclamou um decreto em que dava força de lei ao seu código de conduta (diferente do que foi escrito para Inglaterra e França).

Essa liderança durou até 1685, quando a cidade foi invadida pelo exercito de Luiz XIV e anexada à França.

Escócia

Os Grêmios de maçons eram mais antigos do que os da Inglaterra. Em 1057, o rei Malcolm III Canmore outorgou uma Carta, com o poder e obrigação de regular o oficio, à Companhia de maçons de Glasgow.

Infelizmente, por não haver em abundancia a pedra franca na região, tiveram menos êxito para manter a boa posição já citada. Inclusive, nesse país foi modificada a regra para os “aprendizes ingressados” de tal modo que, o aprendizado ficou com um lapso de tempo mais curto, do que na Inglaterra, por exemplo. Os mestres mais antigos, qualificados, para se protegerem profissionalmente, começaram a usar uma palavra secreta que era transmitida entre eles, para o reconhecimento entre si. Essa palavra chave ficou conhecida como a “Palavra Maçônica”.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

nº 12 - O que é Simbolismo? Por que é importante na Maçonaria?


Simbolismo é o uso e interpretação de símbolos e emblemas. Um Símbolo é a representação visível de algum objeto ou coisa, real ou imaginária, empregado para transmitir uma certa idéia.

Nós não temos outro caminho para expressar idéias do que o uso de símbolos. As palavras são símbolos. No uso ordinário, entretanto, por um símbolo nós damos significado a um objeto, o qual declara uma idéia.

A bandeira é o símbolo de um país; o leão da coragem; o carneiro da inocência; o Esquadro é símbolo da virtude Maçônica.

Tem sido declarado que “o Simbolismo da Maçonaria é a alma da Maçonaria”. E isto tem que ficar claro ao Aprendiz, pois não deve ser encarado como uma declaração de idéias, mas deve ser dirigida com ênfase para ele, para que fique retido em sua mente.

Simbolismo é talvez o ramo mais difícil da Francomaçonaria e sobre ele se tem dito e escrito as mais insensatas e absurdas coisas. A Francomaçonaria é repleta de símbolos. Mas onde, muitas vezes, somente existe um genuíno simbolismo, alguns irmãos nos convida, ou impõe, a aceitar uma grande quantidade de escondidos e profundos significados simbólicos. Muito dessa quantidade é chamado de misticismo e é justamente o absurdo mencionado acima.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

nº 11 - Alegoria


A palavra Alegoria tem sido definida como “uma descrição de um evento sob a imagem de outro”, o objetivo sendo impor uma verdade moral através de uma estória. Alegoria é exprimida em linguagem figurativa ou descritiva, conduzindo a uma abertura ou significado literal e, ou, a um dissimulado ou algo figurativo.

Segundo Bro Nicola Aslan, temos o que segue:

existem duas espécies de Alegorias: uma que pode ter a extensão de um poema, a outra que pode ser contida em algumas palavras (Nas asas do Tempo voa a Tristeza). Quase todos os apólogos e os provérbios são alegorias.... sendo a Maçonaria, como a definem os anglo-saxões, “um sistema particular de moral, velado por alegorias e ilustrado por Símbolos”, quase todas as lendas maçônicas são mais ou menos alegorias, inclusive a lenda do terceiro Grau, que deve ser interpretada como ensinando a ressurreição, o que se percebe pela própria lenda, sem qualquer acordo ou convenção

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

nº 10 - Segredo e Mistérios Maçônicos


Segredo – fato ou circunstância mantida oculta; o que a ninguém deve ser dito (Michaelis).

Segredo Maçônico – segundo Nicola Aslan, a Maçonaria Operativa mantinha em rigoroso segredo processos técnicos que asseguravam a sobrevivência da arte e dos Talhadores de Pedra, enquanto os modos de reconhecimento garantiam trabalho e proteção para aqueles que viajavam de um lugar para outro.

Hoje, na Maçonaria Especulativa não há mais segredos técnicos e os mesmos Sinais, Toques e Palavras constituíram e constituem o famoso “segredo da Maçonaria” que as autoridades civis e eclesiásticas, sempre desconfiadas, nunca quiseram acreditar. Porém, segundo Alec Mellor , existe “O Segredo” que é um conceito totalmente filosófico, de conteúdo variável, concebido por alguns como o estado de iluminação interior que se alcança pela Iniciação, que a linguagem humana não poderia traduzir e, portanto, trair, pois as palavras correspondem a conceitos, enquanto o pensamento iniciático transcende o pensamento conceitual.

Mistério – o que é inexplicado, mas que nos deixa perplexos e incita à investigação. Indica tudo que é ocultado e que é conhecido de uns poucos, que guardam segredo.

Mistérios – era o conjunto das cerimônias do culto religioso que, antigamente, era praticado ocultamente, e ao qual se podia assistir se fosse iniciado. Diz-se também que os mistérios eram centros de instrução e de educação da antiguidade, e que eram divididos em Pequenos Mistérios (instrução primaria) e Grandes Mistérios (instrução superior).

Alguns livros ingleses nos dizem que “Jogos de Mistério” (peças teatrais) eram a mais popular forma de entretenimento na Idade Media. Cada Guilda (associação, corporação) ou profissão tinha seus dramas próprios preferidos. A maioria era de origem bíblica. Eles eram produzidos, encenados e simulados pelos membros da corporação, primeiro nas igrejas e depois nas praças públicas, para as quais eles eram expulsos quando os jogos (encenações) se tornavam muito impetuosos e irreverentes (desrespeitosos) para as autoridades sacerdotais.

Esses dramas eram chamados mysteries, não porque eles tratavam de mistérios, magias, fantasmas ou coisas secretas, mas porque eles eram produzidos pelas associações ou mysteres. Esta palavra é uma variante da palavra francesa “mestaire” , cujo significado é: uma ordem ou associação (guilda).

Então essas encenações ficaram conhecidas na Inglaterra como “mysteres’ ou “mysteries”, por que elas eram produzidas pelos “mestaires” ou guildas.

A expressão “Mistérios da Francomaçonaria” significa as cerimônias ritualísticas ou o trabalho em Loja.